Ainda a respeito do Boavista - FC Porto
De acordo com uma notícia que ontem ouvi na rádio - mais coisa menos coisa, porque posso estar a confundir a minha imaginação com a dos outros -, durante o Boavista-FC Porto, Deco descalçou uma bota, deu dois pontapés ostensivos na bola, pondo em risco a verdade do jogo por estar em superioridade táctil (jogar descalço é praticamente o mesmo que jogar com as mãos) e a seguir enfiou os pitons de alumínio numa parte do corpo de Paulo Paraty que ficou por revelar e a respeito da qual se justificam as mais loucas especulações, incluindo uma de que me falaram no café e que incluía uma viagem de emergência, madrugada alta, até uma clínica de Gibraltar especializada em próteses e engenharia genética. Põe-se a questão: os pitons são armas brancas? Se forem, e eu acho que conseguia perfeitamente trinchar um bife com ovo a cavalo usando apenas um par de pitons de alumínio (pronto, do bife tenho a certeza; a respeito do cavalo, admito algumas dúvidas), para quando uma acusação formal de tentativa de homicídio? Porquê ficarmo-nos pela Comissão Disciplinar, subordinada como ela está à exiguidade dos regulamentos da Liga, mau grado o talento patente para os crimes de sangue, em havendo suturas envolvidas? Perguntas, perguntas. Tanto quanto sei, à hora do fecho desta edição, Deco permanecia em liberdade, embora me tenha chegado ao ouvido que o major Valentim Loureiro assinou já um mandado de captura, autorizando a equipa "swat" da Liga a deter o suspeito para interrogatório nos calabouços da Constituição. Pelo sim pelo não, dado o poder de drible do indivíduo em causa, terá enviado também o Paulo Turra, ao jeito de requisição civil, mas com ordens para disparar apenas pitons de borracha. À falta de informações adicionais, aconselho os leitores que habitem na zona metropolitana do Porto a deitarem um olhito por cima do ombro; Deco perdeu a bota direita, mas continua na posse da esquerda e não há dúvida de que sabe usá-la. Se vir um futebolista de estatura média, ares de oriental e com apenas um dos pés calçado, corra a avisar o delegado da Liga mais próximo. Caso não tenha tempo, marque-o à zona, fuja ao homem a homem e, por amor de Deus, feche-me essas pernas, se não, leva coxinhas logo à primeira. Não seja uma vítima!
in "O Jogo", edição de hoje
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